Os próprios integrantes da Renault procuraram ser realistas quanto ao que esperar da equipe nessa sua volta a F1, apesar do otimismo de todos quanto ao futuro. Na apresentação dos planos da empresa para o automobilismo, nesta quarta-feira, em Paris, ficou claro, como já se esperava, que o grupo está mesmo concentrado no campeonato de 2017, quando haverá uma profunda mudança conceitual na competição. O interesse no Mundial deste ano é secundário.
Lançamento do carro da Renault para a temporada 2016 da Fórmula 1 (Foto: Reuters)
Nick Chester, diretor da sede de Enstone, Inglaterra, e responsável maior pelo modelo RS16 apresentado no evento, e Rémi Taffin, diretor da sede de Viry-Chatillon, na França, onde é concebida, construída e desenvolvida a unidade motriz, disseram que tanto o chassi quanto a unidade representam apenas evoluções dos usados em 2015. Uma fonte do time disse ao GloboEsporte.com: “O chassi do RS16 é basicamente o da última etapa do campeonato do ano passado, adaptado à nova versão da unidade motriz”.
Nick Chester é responsável maior pelo modelo RS16 apresentado no evento(Foto: Divulgação)
E Taffin adiantou que os dois grupos, o de Enstone e Viry-Chatillon, só puderam trabalhar na integração entre o chassi e a unidade motriz “muito tarde”. O carro apresentado precisa ainda ser concluído antes de iniciar os testes, dia 22, no Circuito da Catalunha, em Barcelona. Sobre a versão da unidade, Taffin falou que é a base da que estreou no último GP do Brasil, “spec D”, em novembro, no carro de Daniel Ricciardo, da RBR. O australiano comentou não sentir muita diferença para a que vinha usando.
Jean-Philippe Mercier, diretor de desenvolvimento da Renault (Foto: Divulgação)
Cabeça dura
Também foi importante entender no anunciado hoje que o principal responsável pela deficiente unidade motriz francesa, se comparada aos parâmetros de potência e confiabilidade das produzidas por Mercedes e Ferrari, Jean-Philippe Mercier, continua sendo o homem-forte da área. Seu trabalho é contestado pela direção da RBR. E os resultados mostram que nesse sentido Helmut Marko, consultor da RBR, tem razão. Mercier estabeleceu uma filosofia de projeto, ela não está funcionando, mas tem sido mantida.
É uma situação parecida com a vivida pela mesma Renault em 2002, no seu primeiro ano de F1, depois de deixá-la em 1985. O responsável pelo motor aspirado V-10 de 3,0 litros era Jean-Jacques His. Enquanto os demais construtores de motor adotaram a arquitetura V-10 a 90 graus, His escolheu uma abertura entre as duas bancadas de 111 graus, para abaixar o centro de gravidade. O projeto nunca funcionou. As vibrações eram grandes. Foram dois anos perdidos.
Flavio Briatore, diretor do time, impôs a mudança para 90 graus e His deixou a empresa. A partir daí a Renault passou a ser muito mais competitiva. Foi terceira em 2004 e campeã nos dois anos seguintes. As soluções radicais de Mercier, agora, não são conhecidas, mas estão por detrás de a unidade francesa não evoluir como seria de se esperar de quem possui uma estrutura como a Renault.
Também foi importante entender no anunciado hoje que o principal responsável pela deficiente unidade motriz francesa, se comparada aos parâmetros de potência e confiabilidade das produzidas por Mercedes e Ferrari, Jean-Philippe Mercier, continua sendo o homem-forte da área. Seu trabalho é contestado pela direção da RBR. E os resultados mostram que nesse sentido Helmut Marko, consultor da RBR, tem razão. Mercier estabeleceu uma filosofia de projeto, ela não está funcionando, mas tem sido mantida.
É uma situação parecida com a vivida pela mesma Renault em 2002, no seu primeiro ano de F1, depois de deixá-la em 1985. O responsável pelo motor aspirado V-10 de 3,0 litros era Jean-Jacques His. Enquanto os demais construtores de motor adotaram a arquitetura V-10 a 90 graus, His escolheu uma abertura entre as duas bancadas de 111 graus, para abaixar o centro de gravidade. O projeto nunca funcionou. As vibrações eram grandes. Foram dois anos perdidos.
Flavio Briatore, diretor do time, impôs a mudança para 90 graus e His deixou a empresa. A partir daí a Renault passou a ser muito mais competitiva. Foi terceira em 2004 e campeã nos dois anos seguintes. As soluções radicais de Mercier, agora, não são conhecidas, mas estão por detrás de a unidade francesa não evoluir como seria de se esperar de quem possui uma estrutura como a Renault.
Fernando Alonso e Flavio Briatore em 2006, ano do bicampeonato do espanhol (Foto: Getty Images)
Os engenheiros de Mercier trabalham em conjunto com os do suíço Mario Illien, proprietário da Ilmor, na versão da unidade motriz que vai estar nos carros de Kevin Magnussen e Jolyon Palmer já na pré-temporada. Illen pode ser útil à montadora francesa. A Ilmor foi responsável pelos motores da Mercedes de 1994 a 2005, quando acabaram assumidos pela montadora alemã.
Mario Illien, dono da Ilmor, especialista em motores (Foto: Getty Images)
Nesse período conquistaram os títulos de 1998 e 1999, mas depois, até a Mercedes interromper a relação com Illen, os motores nunca estiveram no nível dos da Ferrari e Renault. Por um tempo ganharam o apelido de “Mercedes-Bums!”, por causa das quebras espetaculares, com fumaça para todo lado. Hoje a unidade motriz da Mercedes é a referência de performance na F1.
A unidade motriz inicial da Renault, este ano, não deve representar um salto muito grande em relação a existente no carro de Riccardo na prova de Interlagos. “A diferença para a Mercedes e Ferrari é grande. Não há como tirá-la de um ano para o outro”, disse Illen, ainda no fim de 2015.
Além de uma unidade motriz sem avanços excepcionais, a Renault terá este ano o chassi que é, em essência, o de Romain Grosjean e Pastor Maldonado no GP de Abu Dhabi, último de 2015, e a inexperiência de seus pilotos, Magnussen e do estreante Palmer. Mais: o confesso plano de a escuderia se concentrar na nova F1 que vai começar em 2017. A lógica sugere, portanto, que a Renault este ano deve crescer pouco, não ir muito além dos 78 pontos de 2015, sexta entre os construtores.
Estímulo total
O lado bom de a montadora assumir a Lotus F1 é o estado de ânimo de todos nas duas sedes, na Inglaterra e na França. Agora há peças, existe um fluxo de caixa, ou seja dinheiro para pagar fornecedores e serviços, e as duas fábricas estão admitindo técnicos para várias áreas. A Lotus F1 não dispunha de recursos nem para pagar a taxa de ocupação nos autódromos nos fins de semana de GP, como no Japão e no Brasil.
“Determinada fase do campeonato tínhamos apenas duas caixas de marchas para competir”, disse uma fonte. Isso tudo acabou. “Voltamos a poder planejar o futuro, estabelecer objetivos para dois, três anos à frente, algo impossível nas últimas temporadas.”
Os ex-proprietários, os empresários de Luxemburgo Gerhard Lopez e Eric Lux, do grupo Genii Capital, ficaram com apenas 10% da equipe. Os demais 90% são da Renault. Na apresentação da Renault foi ratificado que Bob Bell, diretor técnico na época dos títulos de 2005 e 2006, com Fernando Alonso, já trabalha com Chester nos estudos para 2017.
O layout final do modelo RS16 será conhecido em Barcelona, em três semanas. O amarelo, cor da Renault, deve aparecer mais no carro, assim como a marca Nissan, empresa do grupo da montadora francesa.
A unidade motriz inicial da Renault, este ano, não deve representar um salto muito grande em relação a existente no carro de Riccardo na prova de Interlagos. “A diferença para a Mercedes e Ferrari é grande. Não há como tirá-la de um ano para o outro”, disse Illen, ainda no fim de 2015.
Além de uma unidade motriz sem avanços excepcionais, a Renault terá este ano o chassi que é, em essência, o de Romain Grosjean e Pastor Maldonado no GP de Abu Dhabi, último de 2015, e a inexperiência de seus pilotos, Magnussen e do estreante Palmer. Mais: o confesso plano de a escuderia se concentrar na nova F1 que vai começar em 2017. A lógica sugere, portanto, que a Renault este ano deve crescer pouco, não ir muito além dos 78 pontos de 2015, sexta entre os construtores.
Estímulo total
O lado bom de a montadora assumir a Lotus F1 é o estado de ânimo de todos nas duas sedes, na Inglaterra e na França. Agora há peças, existe um fluxo de caixa, ou seja dinheiro para pagar fornecedores e serviços, e as duas fábricas estão admitindo técnicos para várias áreas. A Lotus F1 não dispunha de recursos nem para pagar a taxa de ocupação nos autódromos nos fins de semana de GP, como no Japão e no Brasil.
“Determinada fase do campeonato tínhamos apenas duas caixas de marchas para competir”, disse uma fonte. Isso tudo acabou. “Voltamos a poder planejar o futuro, estabelecer objetivos para dois, três anos à frente, algo impossível nas últimas temporadas.”
Os ex-proprietários, os empresários de Luxemburgo Gerhard Lopez e Eric Lux, do grupo Genii Capital, ficaram com apenas 10% da equipe. Os demais 90% são da Renault. Na apresentação da Renault foi ratificado que Bob Bell, diretor técnico na época dos títulos de 2005 e 2006, com Fernando Alonso, já trabalha com Chester nos estudos para 2017.
O layout final do modelo RS16 será conhecido em Barcelona, em três semanas. O amarelo, cor da Renault, deve aparecer mais no carro, assim como a marca Nissan, empresa do grupo da montadora francesa.
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