quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Rolezinho no passado: G1 experimenta Escort XR3 1.8 1992

André PaixãoDo G1, em São Paulo
Ser “massa” nos anos 80 era ter no guarda-roupa pelo menos uma peça com ombreiras, carregar na cintura um Walkman e calçar nos pés um All Star.
Agora, se você tinha muita “bufunfa”, e queria dar uns bons “rolês” com aquela “caranga”, o negócio era comprar um esportivo nacional. E um dos mais cobiçados era o Ford Escort XR3.
Ele estreia a série "Rolezinho no passado", do G1, que tem a missão de experimentar, atualmente, carros que foram sucesso no passado recente. Os "novos clássicos". Em tempos de centrais multimídia, o luxo destes "senhores" era oferecer rádio com toca-fitas. Se hoje o turbo é usado para economia de combustível, eles ainda podiam contar com carburadores.
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Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)
Voltando ao XR3, o modelo, junto com as versões esportivas do Volkswagen Gol e Chevrolet Kadett, fazia parte do imaginário de uma geração de apaixonados por carro que não podiam sonhar com esportivos importados, já que na época, o mercado brasileiro era praticamente fechado para modelos vindos de fora.
Ele surgiu quando a versão “careta”, que normalmente era comprada por “coroas”, recebeu algumas modificações no visual e no motor, dando origem ao famoso sobrenome, presente no imaginário de muita gente até hoje.
O XR3 chegou para a linha 1984, trazendo motor 1.6 CHT de 82,9 cavalos, rodas de liga leve de 14 polegadas, aerofólio traseiro e emblemáticos faróis auxiliares e longo alcance. No interior, os bancos eram esportivos e o volante tinha diâmetro reduzido.
Se a potência não fazia frente aos rivais, como Gol GT e Fiat Uno 1.5 R, a Ford deu a resposta na linha 1989, com a adoção do motor 1.8 AP da Volkswagen na geração Mk 4. Com ele, a potência saltava para 99 cv.
GIF Escort conversível (Foto: Caio Kenji / G1)
12 Escort
É com este motor que está equipada a unidade 1992 do XR3 conversível que o G1andou pelas ruas de São Paulo. Com cerca de 30 mil km originais, o modelo pertence a Ernesto Ramalho, apaixonado pelo modelo, e que já foi dono de outros 11 XR3 com capota retrátil ao longo de 21 anos. Mesmo para um carro de 23 anos, o XR3 vermelho está impecável, como se tivesse saído da fábrica há poucas horas.
Entre os equipamentos, há ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricos, amortecedores com regulagem, capota elétrica, bancos Recaro, rádio toca-fitas, volante revestido em couro e até retrovisores elétricos. Nas versões fechadas, o contato com o céu ficava por conta do teto solar elétrico. Em comum a todas, o charme dos faróis auxiliares presos a grade.
Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)
Impressões
Atualmente, os 99 cv do 1.8 de origem Volkswagen podem ser extraídos facilmente de um motor bem menor, de 1.4 litro. Como exemplo, o Chevrolet Onix, que traz propulsor desta cilindrada possui 106 cv.
O que faz do XR3 um carro cativante, porém, é o ambiente que a Ford criou no compacto. O volante de diâmetro reduzido e acabamento em couro, os bancos esportivos da Recaro e a capota aberta remetem a um tempo que, por mais que as marcas se esforcem, não volta mais.
Em movimento, o som rouco do escapamento deixa a condução do Escort extremamente prazerosa, especialmente, e curiosamente, em velocidades mais baixas, quando o som invade a cabine deliberadamente.
Como tradição dos Ford, o câmbio de cinco marchas tem engates precisos, e no caso do XR3, a relação curta ajuda a manter a rotação mais elevada. Com isso, os 14,6 kgfm, que chegam a 3.200 rpm está quase sempre todo ali, à disposição do motorista.
Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)
Durante o rápido teste, não foi possível alcançar velocidades mais elevadas, porém, Ramalho afirma que, nas estradas, não há a menor dificuldade de chegar aos 120 km/h e acompanhar modelos mais modernos.
A geração seguinte ao XR3 de Ernesto, lançada em 1992, foi a mais potente já vista, e também a última. O motor 1.8 foi substituído por um 2.0, enquanto a potência saltou para 115,6 cv. Outra novidade foi a adoção da injeção eletrônica.
O XR3 saiu de linha em 1995, e não chegou à última troca de geração do modelo “convencional”, ocorrida em 1997. Este, por sinal, deixou de ser vendido em 2003, tendo como sucessor o Focus. De lá pra cá, a Ford nunca mais teve um esportivo “de verdade” neste segmento.
Ficha técnica do Escort XR3 1992 (Foto: André Paixão/G1)

Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)Ford Escort XR3 1992 (Foto: Caio Kenji / G1)

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